Como trouxemos o livro “Reinventando as Organizações” para o Brasil

Henrique Katahira
4 min readDec 13, 2017

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“Será que é possível criar organizações livres de patologias que aparecem tão frequentemente nos ambientes de trabalho? Livres de politicagem, burocracia e rivalidade? Livres de stress e exaustão? Livres de resignação, ressentimento e apatia? Livre das exibições do topo e do trabalho penoso da base? Será que é possível reinventar as organizações projetando um novo modelo que torne o trabalho mais produtivo, gratificante e cheio de significado? Será também possível criarmos ambientes de trabalho significativos — escolas, hospitais, negócios e organizações sem fins lucrativos — onde nossos talentos possam florescer e nossas vocações serem honradas?”

Assim começa o capítulo 1.1 do livro Reinventando as Organizações de Frederic Laloux. E foi exatamente este questionamento que me motivou a deixar uma carreira de 20 anos na área de TI para buscar um trabalho com mais propósito e significado.

Venho pesquisando novos modelos de gestão desde 2014, buscando referências em ecovilas e movimentos colaborativos como a Laboriosa 89. No final de 2015, deixei definitivamente o mundo corporativo para empreender na empresa livre Baobbá onde pude vivenciar a rotina de uma empresa totalmente horizontal e experimental.

Quando a Baobbá se dissolveu após um ano de operação, me aproximei da cuidadoria que promovia eventos mensais chamados Reinventando as Organizações cujo objetivo era divulgar as bases de seu trabalho e inspirar pessoas apresentando formas mais humanas de se organizar. Assim que conheci o conteúdo do livro, fiquei impressionado. Tudo aquilo que tínhamos necessidade de expressar havia sido pesquisado e sistematizado num livro. E com uma linguagem que consegue dialogar com gestores do mundo corporativo sem parecer hippie!

Depois dessa aproximação, acabei sendo chamado para me juntar à equipe da cuidadoria onde estou até hoje. Muitos eventos “Reinventando as Organizações” rolaram até o momento em que sentimos que o livro deveria ser traduzido para o português para que ele atingisse o maior número de pessoas. Então conseguimos negociar com o autor e compramos os direitos para traduzir o livro para o português.

Ninguém da cuidadoria tinha a mínima noção de como o mercado editorial funcionava mas resolvemos assumir o risco, confiantes de que era a coisa mais certa a se fazer. Com pouco dinheiro para investir em uma publicação própria, decidimos fazer uma tradução coletiva e viabilizar o custo dos processos editoriais e impressão através de um financiamento coletivo.

Vídeo da campanha

Então, fizemos um chamado aberto para quem quisesse colaborar na tradução em um grupo de estudo no Facebook chamado Reinventando as Organizações e tivemos 80 interessados em 2 semanas. A única condição era que o nível do inglês fosse de avançado a fluente e que todos deveriam se comunicar através de uma ferramenta específica durante o trabalho.

O livro foi traduzido em 2 meses por um grupo de pessoas que nunca havia se visto, sem processo de seleção e de forma totalmente autogerida, com reuniões de pulso via Zoom (plataforma de videoconferência) vivenciando os princípios de uma organização evolutiva descrita por Frederic Laloux. Durante esse trabalho, pude experienciar um fluxo de trabalho e informação sem cobranças, sem metas de produtividade e muita colaboração. Não havia uma competição de quem traduz mais palavras por hora e sim um “cada um traduz o que pode no tempo que estiver disponível da melhor forma possível”. Algumas pessoas traduziram 4 parágrafos, outras 400 e todos se sentiram importantes e reconhecidos no processo. Todos os tradutores foram mencionados como tradutores nos créditos do livro. Afinal se não fossem os 70% que traduziram 30% do livro, não teríamos terminado a tempo.

Durante o processo de tradução, as parcerias foram surgindo naturalmente sem esforço. Começando com a Editora Voo que aceitou o desafio de publicar o livro em um esquema totalmente novo. Depois foram surgindo talentos dentro do grupo de tradutores que nos ajudaram no design, na pré-revisão e na campanha de crowdfunding, além dos patrocinadores (6 no total).

Lançamento no Colaboramérica

A campanha teve 6 semanas de duração e arrecadamos 120% da meta chegando ao valor de R$ 70.000,00 possibilitando a impressão de 3000 cópias. Foi um trabalho árduo, de muito comprometimento, principalmente durante a campanha onde 3 colaboradores se dedicaram quase exclusivamente para o projeto durante 6 semanas.

De longe, posso afirmar que este projeto foi o mais incrível já participei. Conseguimos mobilizar uma rede enorme e que só foi possível graças a mensagem de esperança para as organizações e para a humanidade que o livro carrega. Era como se o projeto tivesse se tornado em um organismo vivo e consciente que quisesse ir para o mundo de qualquer maneira. Foi só acreditar, confiar e jogar para o Universo que todas as portas se abriram possibilitando que o conteúdo chegasse para um número maior de pessoas.

Missão cumprida!

Agradeço a todas as pessoas que confiaram em nós e fizeram este sonho possível. A todos os “sim” que recebemos, à todos os tradutores, revisores, colaboradores e benfeitores, à Editora Voo, aos patrocinadores e principalmente ao autor Frederic Laloux que nos permitiu lançar o livro desta maneira tão inovadora.

Compre o livro no site da editora voo no link abaixo:

https://editoravoo.com.br/produto/reinventando-as-organizacoes/

Ou compre o PDF do livro pagando o quanto você acha que vale no site da cuidadoria:

Conheça a Formação de Líderes Evolutivos da cuidadoria. Um MBA do futuro baseado nos pilares, conceitos e princípios do livro.

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Henrique Katahira
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Written by Henrique Katahira

Facilitador de Processos Colaborativos, coach e sócio da cuidadoria

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